A Síndrome do Desconforto Respiratório do recém-nascido (SDR), também conhecida como Doença da Membrana Hialina, ocorre quando há uma quantidade inadequada de surfactante pulmonar, levando a atelectasia alveolar difusa, edema e lesão celular, subsequentemente proteínas que inibem a função do surfactante extravasam para dentro dos alvéolos aumentando o conteúdo de líquido no local. Esses mecanismos associados à imaturidade pulmonar do recém-nascido, principalmente pré-termo, são incapazes de remover esse líquido adequadamente, e a baixa área de superfície para troca gasosa pode gerar importante dificuldade respiratória nos pacientes neonatais.
A identificação de fatores de risco pré-natal, a administração de glicocorticoides antenatal e a reposição de surfactante exógeno, vem diminuindo drasticamente a mortalidade por Síndrome do Desconforto Respiratório, porém esta patologia ainda continua sendo uma das principais complicações respiratórias nos recém-nascidos pré-termo.
A prematuridade se destaca como o principal fator de risco para a SDR, porém não devemos nos esquecer de outros fatores de risco como: diabetes materno, malformações torácicas que levam a hipoplasia pulmonar como hérnia diafragmática, distúrbios genéticos da produção e metabolismo de surfactante endógeno, asfixia perinatal e parto cesáreo sem trabalho de parto, pois hormônios adrenérgicos e esteroides liberados durante o trabalho de parto aumentam a produção e liberação de surfactante.
Vale ressaltar que a terapia com corticosteroides antenatal deve sempre ser feita nas mulheres grávidas com idade gestacional entre 24-34 semanas que estejam sobre risco de parto prematuro nos próximos sete dias, exceto nas gestantes que apresentarem corioamnionite ou outras indicações de parto imediato. A terapia pode ser feita usando duas doses de betametasona com intervalo de 24h entre cada dose ou quatro doses de dexametasona com intervalo de 12h entre cada dose. Estudos demonstraram que esta terapia induz a produção de surfactantes endógenos e acelera a maturação dos pulmões e outros tecidos fetais, diminuindo assim a SDR, a hemorragia intraventricular e a enterocolite necrotizante.
O diagnóstico pode ser feito associando os fatores de risco já mencionados acima ao quadro clínico característico, que se apresenta logo após o nascimento com taquipneia, retrações, batimento de asa de nariz, gerência e cianose. O padrão radiológico clássico consiste em pulmões com baixo volume e aspecto reticulogranular difuso com broncogramas aéreos.
O tratamento primordial consiste na oferta de oxigênio suficiente para manter uma saturação desejável, devendo sempre ser evitado ofertas desnecessárias de oxigênio devido ao maior risco de lesões pulmonares e retinopatia da prematuridade. Aconselha-se que na fase aguda da doença amostra de sangue arterial para aferição de gases deve ser obtida regularmente e após cada ajuste nos parâmetros ventilatórios.
A terapia de reposição de surfactante consiste no principal pilar de tratamento da SDR, sendo um dos itens mais estudados em neonatologia. O momento da administração do surfactante exógeno ainda é controverso em alguns estudos. O tratamento profilático se demonstrou mais eficaz do que o tratamento tardio, porém o tratamento precoce, aquele que ocorre antes de 2h de vida, tem a mesma eficácia do que o tratamento profilático.
Não devemos nos esquecer de fatores como temperatura, hidratação e Nutrição dos recém-nascidos com SDR, estes pilares também fazem parte do tratamento adequado.
Portanto, a SRD é uma importante patologia neonatal, que deve sempre ser lembrada diante dos seus fatores de risco, evitando assim desfechos desfavoráveis ao paciente.